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Foto do escritorJoão Alves

Gaiola Pombalina

Atualizado: 11 de jan. de 2023

Gaiola Pombalina: resgate de uma técnica.

João Carlos Afonso Alves

Departamento técnico.

Sumário

A construção da “gaiola pombalina” (vamos chamar assim o edifício) insere-se num contexto e conceito de sustentabilidade. Um resgate e homenagem a uma técnica que se pensa obsoleta e “enterrada” no passado. Uma exposição sobre uma técnica capaz de dar resposta às premissas dos tempos actuais: Durabilidade, Mobilidade; Ecologia; e Sustentabilidade.

PALAVRAS CHAVE: EDIFICIOS POMBALINOS, GAIOLA POMBALINA, RESGATE DA TÉCNICA, SUSTENTABILIDADE.



Introdução

Resenha histórica

No dia 1 de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos, Lisboa foi abalada por um violento terramoto. Seguido de um tsunami e por consequência de um devastador incêndio. Formou o que é ainda, a maior catástrofe que aconteceu em Portugal.

Dado a enorme destruição do edificado e a elevada perda humana, varias questões relacionadas com a segurança serão levantadas, na reconstrução de Lisboa.

A gaiola surge assim para dar resposta a este problema. Alvenaria mista constituída por uma estrutura tridimensional de madeira no seu interior (Gaiola Pombalina), embebida nas paredes de alvenaria de pedra. Esta técnica está intimamente relacionada com a experiência existente na construção naval, na época exclusivamente de madeira.



Preâmbulos do conceito.

A abordagem sobre este sistema, num contexto académico, é breve, como algo que existe mas que pertence ao passado.

Pelos desígnios universais, foi nos proposto a construção de uma casa em "Bone Timber" a Greenhouse. Esta construção teve lugar num terraço de um prédio, na rua Joaquim António de Aguiar nº33 em Lisboa, mesmo aos pés da estátua de Marques de Pombal. Pelas circunstâncias e no decorrer da estadia em Lisboa, revivemos a curiosidade sobre o sistema. Sentimos por toda a baixa a presença da "gaiola", quase como a aura ou alma dos edifícios.

Desde então empreendi uma investigação profunda sobre a gaiola pombalina, por forma a reutilizar esse sistema na construção de casas ecológicas. Homenagem a quem na altura, foi um visionário. Um sistema com mais de 250 anos, é com certeza, uma referência de durabilidade e de eficiência.



Regate do sistema

Num exercício intemporal, procuro a evolução natural do sistema. Interpreto a construção vernácula e actuo em conformidade com técnicas, que em outros países como a Finlândia, Alemanha, norte de Itália, etc. sofrem uma evolução natural. Esta evolução, fruto dos trabalhos de investigação e desenvolvimentos científicos, permitem a concepção de produtos hi-tech em madeira - engineered wood products. Assumindo actualmente uma importância crescente na arquitectura e na engenharia moderna.

Esta evolução deu-se em diversos campos: na própria assemblagem da madeira, (madeira lamelada (Glulam), CLT, OSB, LVL…); nos seus tratamentos (modificação química, impregnação, térmica…); fixações; telas (impermeabilizastes, transpiráveis…); isolantes térmicos; no controle biológico (tratamentos mais ecológicos à base de águas, óleos naturais).

O que nos permite conjugar essa sabedoria científica à sabedoria ancestral. Resgatada a gaiola pombalina para os nossos tempos. Tempos de mobilidade, do modular, da microcasa "hight -teck", da ecologia, da sustentabilidade.



Do projecto

A Eco||sistema sempre à procura de novos retos na construção em madeira. Lança uma proposta para a construção de um micro casa. Onde primasse a utilização de pedra, num conceito de mobilidade.

Vendo a qualidade, o alto desempenho para absorver as várias acções dinâmicas e a beleza estética, desta técnica, proponho a construção da “Gaiola Pombalina”. Este sistema permite a utilização do cascalho de granito de Ponte de Lima da própria pedreira. O cascalho é um sub produto das pedreiras. Agora com um uso coerente com o método utilizado e valorizado.



Conceito

Ao ficar visível o sistema tridimensional em madeira, a “gaiola”, surge a exoestrutura. Solução dos animais invertebrados, o exoesqueleto, que os protege dos perigos e dos agentes climatéricos.

Opta-se por uma cobertura ajardinada, com plantas que no seu ciclo natural, sombreiam no verão e promovem a máximo exposição solar no inverno. Aplica-se tela pvc-p, rematada com chapa de zinco, garantindo a ventilação passiva de todo o sistema.

A gaiola pombalina pode assim com eficácia e conforto sofrer as vicissitudes do clima, das oscilações do transporte, do tempo. Renascendo para mais 250 anos.




























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