Manifesto

Valorização Sustentável das Florestas

Nós, cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do nosso país e do nosso planeta, manifestamos a urgente necessidade de uma nova relação entre a sociedade e as florestas. É com profunda preocupação que observamos o ciclo vicioso de abandono, destruição, e negligência que, ano após ano, se repete nas nossas terras, onde os incêndios florestais devastam vidas, patrimónios e ecossistemas inteiros. Este é um grito de alerta, mas também um apelo à ação.

1. Reconhecer o valor integral das florestas As florestas não são apenas terrenos que servem para plantar árvores ou produzir papel. Elas são um ecossistema vivo que purifica o ar, protege a biodiversidade, regula os ciclos de água e oferece recursos essenciais. Reconhecer o valor social, ecológico e econômico das florestas deve ser o primeiro passo para uma mudança profunda. A floresta não pode ser vista apenas como um recurso explorável, mas como um tesouro a ser cuidado e cultivado.

2. Apostar em um manejo florestal sustentável A monocultura do eucalipto, implementada de forma desordenada, é um dos grandes desafios que enfrentamos. Ela empobrece o solo, aumenta o risco de incêndios e, no fim, traz pouco retorno para a sociedade. É preciso apostar em espécies autóctones e em árvores que proporcionem valor de longo prazo, tanto para a economia quanto para o meio ambiente. A construção em madeira, por exemplo, representa um uso inteligente e sustentável da floresta, mas para isso precisamos de florestas geridas com qualidade e responsabilidade.

3. Educar para a prevenção, não para a punição Multar proprietários por não limparem os seus terrenos pode ser uma medida paliativa, mas não resolve o problema a longo prazo. O verdadeiro caminho está na educação e na sensibilização da sociedade. Devemos ensinar desde cedo o valor das florestas, incentivar o cuidado com a terra e a prevenção de incêndios. A responsabilidade deve ser coletiva, partilhada entre o Estado, os cidadãos e as empresas.

4. Inovar na economia florestal É urgente investir em novos modelos de economia florestal que tragam valor acrescentado e envolvam toda a sociedade. A indústria de produtos florestais pode e deve ser diversificada, apostando não apenas na produção de pasta de papel, mas também em produtos de alto valor, como madeira para construção, resinas, cogumelos e plantas medicinais. Estes produtos criam emprego, fixam populações no interior e reduzem a pressão sobre o eucalipto.

5. Proteger as vidas humanas e o ecossistema Cada vida perdida, cada habitação destruída, e cada hectare de floresta queimado representam um fracasso coletivo. Não podemos continuar a aceitar a destruição como inevitável. A prevenção de incêndios passa por um trabalho integrado de ordenamento do território, com a criação de zonas tampão, a promoção de espécies resilientes ao fogo e o apoio constante aos bombeiros e proteção civil.

6. Plantar com sabedoria, cuidar com amor Reflorestar não significa apenas plantar árvores. Significa plantar com visão de futuro, com respeito pelo ecossistema e com um plano de manejo que leve em consideração as necessidades da terra, do clima e das comunidades. Quando mais damos à árvore, mais ela nos dá de volta. Este é o nosso compromisso: cuidar para que a floresta nos cuide.

Conclusão: Um pacto entre sociedade e floresta Este manifesto é um apelo à sociedade para que tomemos posse do valor da floresta e a reconheçamos como parte integral do nosso bem-estar. Não podemos continuar a agir de forma negligente, plantando eucalipto de forma desordenada e permitindo que as florestas se tornem um fardo, em vez de um recurso vital. É hora de inverter o curso. É hora de construir uma nova relação com a natureza, baseada no respeito, na valorização e no cuidado mútuo.

Assinamos este manifesto com a esperança de que a mudança comece agora, e com a convicção de que uma sociedade que valoriza suas florestas é uma sociedade mais forte, mais resiliente e mais próspera.

Por uma floresta viva, para um futuro sustentável.